[1] Desconhecem-se, no Alcorão, as particularidades de como haja sido esse cônjuge. Alguns exegetas consideram que essa mulher de Adão foi criada da costela dele, tal como se pode encontrar no Gênesis II 18-25.
[1] O Islão enfatiza a importância dos cuidados dirigidos à criança órfã, cujos bens devem ser preservados, convenientemente.
[1] Tanto este versículo quanto o 127, desta mesma sura, se referem ao receio de os tutores se casarem com meninas órfãs, e a recomendação contida aqui é feita para sanar um mal, bastante disseminado na Península Arábica,em épocas pré- islâmicas, e que consistia no hábito de eles se casarem com órfâs, ou faziam-nas casar com seus filhos, a fim de assumirem seus dotes materiais e gozarem de seus dotes físicos. E, por não haver ninguém que intercedesse por elas, a injustiça perpetrada por eles continuou impune, até o advento do islão. Outra interpretação, ligada a este versículo, é de que haja sido dirigido àqueles homens que, receando cometer injustiça com os órfãos, preferiram evitar a tutoria, mas se esquecendo de outra injustiça cometida: aquela contra suas próprias mulheres que, até o islão, chegavam a um número incontável, e eram tratadas com severidade e desigualdade. O Islão não apenas lhes lembra isso, mas os aconselha a reduzir o número de mulheres no matrimônio, para que elas possam ter garantidos todos seus direitos.
[2] Sabe-se que o povo árabe adotou, durante vários séculos, a poligamia. No passado, foram inúmeros os povos que a adotaram. Desde o Patriarca Abraão até a vinda de Cristo, o Velho Testamento, por exemplo, apresenta inúmeras passagens da existência de vida conjugal poligâmica. Fundamentalmente, a poligamia resultou de dois fatores inexoráveis e incontornáveis do passado: 1.°) a mortalidade maior do sexo masculino, pelas guerras; 2.°) o repúdio dos orientais à instituição chamada prostituição. O Islão foi a primeira religião que limitou o número de esposas, no contexto poligâmico, impondo três condições ao homem: 1.°) não ultrapassar o número de quatro esposas; 2.°) não ser injusto com nenhuma delas ; e 3.°) ser apto a sustentá-las equitativamente. Ao admitir esta modalidade poligâmica, o islão apenas corrigiu uma situação anárquica, que reinava no mundo todo. Impôs a justiça no matrimônio, a fim de garantir os direitos da mulher, algo absolutamente desconhecido na antiga prática de contrair casamento até com mais de vinte mulheres, ao mesmo tempo.
[3] Se o homem não se encontrar em condições de sustentar a mulher livre, pode casar-se com uma escrava, já que esta exige menos despesas.
[1] Saduqãt, plural de saduqãh, que equivale ao mahr ou al faridah: ou seja, a quantia que o homem deve pagar a mulher , no ato de contrato matrimonial, como dádiva. Cf. II 236 n2.
[1] Apesar de o Islão garantir a liberdade individual da gerência dos próprios bens, restringe-a, em determinados casos, quando possa haver perigo de corrupção social, como é o caso dos ineptos, que a promovem, quando esbanjam os próprios bens, e dos deficientes mentais, e, por isto, incapacitados de participar, em termos de igualdade, do exercício de atividades normais.
[2] Sustentar e vestir os ineptos com o fruto da manipulação inteligente de suas riquezas e não com os próprios bens, que devem mostrar-se intatos, enquanto aplicados.
[1] Antes do Islão, tanto a mulher quanto a criança não podiam herdar, e este versículo veio, para garantir-lhes o seguinte: a) a mulher, como o homem, tem direito à parte da herança; b) a distribuição dos bens deve ser realizada sempre, não importa o montante (antes do Islão, se se tratasse de pequena monta, era concedida, apenas, ao filho); c) a herança é um dever desde que o morto deixe bens; d) o parente próximo impede o acesso à herança ao parente mais afastado; e) a partilha da herança deve abranger toda a espécie de bens, seja de dinheiro ou não (antes do Islão, só o filho herdava os outros bens, além do dinheiro).
[1] É advertência aos tutores que, da mesma forma que receariam por seus próprios filhos, se os deixassem indefesos, devem recear pelos tutelados. E, ao pai agonizante, devemos aconselhá-lo e sugerir-lhe o melhor Para os filhos, que deixa, não se prevalecendo jamais da situação para insuflar-lhe idéias que os prejudicassem.
[1] O Islão concede ao homem, na herança, o dobro que à mulher, assentado no pressuposto de que àquele cabem responsabilidades maiores; as despesas com a casa, a família, os filhos, alem do mahr que concede às mulheres, ao casar-se.
[2] Ou seja, após feitas as doações e pagas as dívidas, haverá, aí, a partilha do restante.
[1] Estado de kalãlah: estado em que alguém, falecendo, não deixa ascendentes nem descendentes.
[2] Trata-se dos irmãos por parte de mãe . Quanto aos outros, seu caso é estudado no final desta sura.
[1] Ou seja, cometer adultério.
[2] A punição, expressa neste versículo, refere-se à prescrita, somente, na primeira fase do Islão, já que foi ab-rogada, como se verá no início da sura XXIV.
[1] Trata-se, ao que parece, do adultério cometido pelo homem e mulher solteiros, cuja punição foi, igualmente, ab-rogada, como a do versículo anterior.
[1] Antes do Islão, a viúva podia ser herdada por parentes, de maneira que o herdeiro podia casar-se com ela, sem precisar pagar-lhe al mahr. Podia, ainda, fazê-la casar-se com outrem, recebendo, deste modo, a quantia exigida. Ou podia impedi-la de casar-se com quem ela desejasse, até que ela lhe pagasse o resgate de sua herança.
[1] Ao cognominar o casamento de sólida aliança, o Islão elevou a união a um grau de dignidade, jamais atingido anteriormente, afastando-o da idéia de contrato de venda, aluguel ou escravidão, tão comum nos tempos pré - islâmicos. Note-se que a expressão sólida aliança sugere que o casamento exige de ambos os cônjuges amor, dedicação, carinho, que os unirão solidamente.
[1] Cf. IV 3 n2.
[2] Cf. IV 4 n3.
[1] Ou seja, todos são iguais, na sociedade islamica, sejam escravos ou senhores.
[2] Cf.IV 4 n3.
[1] Os: idólatras, hipócritas e judeus de Al Madínah, que não se agradaram de algumas proibições relativas ao casamento nem dos preceitos alcorânicos atinentes à herança das mulheres, das viúvas, etc.
[1] E não vos mateis: os que devoram os bens alheios, ilicitamente, não só causam a ruína social, mas sua própria ruína. Há os que interpretam como ordem contra o homicídio e o suicídio.
[1] Este versículo atenta para a equidade social, pois convida os moslimes a não terem inveja uns dos outros, porque Deus é Quem distribui o sustento, de acordo com Sua sabedoria, que é onisciente. Só Deus sabe o que beneficia o homem e o que o prejudica. Este versículo relembra, também, que as mulheres não devem ter inveja dos homens nem estes, destas e salienta que homens e mulheres são iguais como seres humanos e que as mulheres podem trabalhar para disso auferir ganho.
[1] Este versículo vem para anular um costume, muito comum entre os árabes pré-islâmicos, que consistia em constituir qualquer pessoa, fora da família, herdeira dos bens de alguém, após sua morte, seja pela amizade ou pelo companheirismo que os unis. Com este versículo, o Alcorão fez preservar os direitos dos herdeiros legítimos.
[1] Entenda-se a primazia do homem, na sociedade mais propiciada pela força física e pelos encargos de que é investido, do que pelo grau de honra. homens e mulheres são iguais como seres humanos e que as mulheres podem trabalhar para disso auferir ganho.
[2] Bater suavemente, cuidando de não atingir-lhes a face nem as partes sensíveis.
[1] Cf. II 177 nl.
[1] A palavra junub é derivada de janãbah, e quer dizer distância. É empregada no texto para designar o homem que, nào se havendo banhado logo após emissão seminal voluntária ou involuntária, deve permanecer distante dos lugares de oração. Não pode rezar nem ler o Alcorao antes de se banhar.
[2] Tocar as mulheres: copular. O Alcorão tem, por hábito, referir-se a questões sexuais de maneira bem discreta e quase metaforizada.
[3] Roçai... à guisa de ablução; é tradução de tayammum, que significa "tocar com as duas mãos qualquer superfície limpa, com apenas alguns resíduos de pó, para, em seguida, com elas, roçar as faces e os braços, simulando o movimento de ablução com água". Este versículo encerra um lembrete a todos os moslimes para que não sejam nunca desatentos à noção de asseio, antes de fazer suas orações, tanto que, não encontrando água para se lavarem, pelo menos, devem lembrar- se da lavagem por meio de gestos simbólicos.
[1] Do livro: da Tora.
[1] Cf. II 104 n1
[1] O Livro: a Tora.
[2] Ou seja, apagar as feições, tornando-as planas como nunca.
[3] os donos das faces
[1] Nem a mínima que seja: traduz a palavra árabe fatil, que significa a ínfima película que recobre o caroço da tâmara.
[1] Do Livro: da Tora.
[2] Al jibt: tudo o que foi adorado, em lugar de Deus; ídolos, videntes ou feiticeiros; quanto a AITaghut. (cf. II 256 n2)
[1] Nem um mínimo que fosse: traduz a palavra árabe naqir, que é um minúsculo sinal na superfície do caroço da tâmara.
[1] Nele: o pronome pode referir-se só ao Livro, citado no versículo anterior, ou ao Profeta Muhammad. Neste caso, o versículo faz alusão aos judeus, entre os quais uns crêem no Profeta e outros o renegam.
[1] Este versículo é fundamento primeiro da constituição do estado islâmico e determina a base da religião e da disciplina política.
[1] Aqueles; referência aos hipócritas, mas de modo aparente e não efetivo.
[2] Cf. II 256 n2
[1] Se os hipócritas não aceitarem o sacrifício de seus pequenos interesses, seguindo o que Deus revelou, não haverá esperança de que aceitem sacrifício maior. E apenas poucos deles crerão em Deus.
[1] Trata-se da súplica dos indefesos, que abraçaram o Islão e ficaram em Makkah pois não tinham possibilidade alguma de defender-se, menos ainda de emigrar para Al Madínah, com o Profeta e seus seguidores.
[1] Cf. II 256 n2
[1] Detende vossas mãos: não combatais. Antes da Hégira, os moslimes empenharam- se em combate contra os idólatras, mas foram impedidos de fazê-lo, pelo Profeta. Só depois de emigrarem para Al Madínah, após a Hégira, é que receberam permissão de combate.
[2] Cf II 43 n5.
[3] Cf IV 49 n6.
[1] É em época de combate que toda a espécie de boatos surge, suscitando ora o ânimo ora o desânimo, entre os combatentes. Aproveitando-se disso, os hipócritas, sem medir conseqüências, divulgavam-nos, mesmo sabendo-os falsos. Este versículo adverte aos propagadores de boatos que os submetam ao Profeta e às autoridades, para que lhes seja esclarecida a veracidade e, com isso, nâo sejam os combatentes importunados.
[1] A saudação usual entre os moslimes, é "as-salãmu alaikum", "que a paz seja sobre vós". O versículo convida os moslimes a corresponderem à esta saudação com outra mais afável ainda: "alaíkum as-salãmu wa rahmatu allãhí wa barakãtuh", "que sobre vós seja a paz, e a misericórdia de Deus e Sua bênção".
[1] Este versículo se refere aos hipócritas que, já havendo abraçado o Islão, ainda apoiavam os inimigos dos moslimes, deixando confusos a estes últimos, que não sabiam se deveriam ou não combatê-los.
[1] De um lado, ganhando a confiança dos moslimes, pela adesão do Islão, e de outro, a confiança de seu povo, pela permanência na descrença.
[2] Ou seja, cada vez que forem levados ou à desordem da guerra contra os moslimes, ou à apostasia.
[1] Essa indenização é válida, conforme a tradição árabe, em cem camelos, ou o preço correspondente a eles. Não os havendo, valerão outras espécies animais, em quantidades determinadas.
[1] Ou seja, "se fordes combater pela causa de Deus".
[2] Nos primórdios do Islão, o sinal de reconhecimento de um moslim para outro era o cumprimento "as-salãmu alaikum", "que a paz seja sobre vós". Houve ocasiões, porém, em que alguns combatentes moslimes tiveram dúvidas acerca de quem assim os saudava, e terminavam por matá-lo, para ficar-lhe com os espólios. Este versículo foi revelado, então, para impedir a matança indiscriminada, oriunda da falta de clareza desta identificação moslim.
[3] A palavra ganhos traduz maghãnim, que significa espólios. O versículo adverte o crente de que jamais deve matar só para aproximar-se dos espólios da vítima, os quais nada são diante das recompensas oferecidas por Deus.
[4] Este versículo lembra os moslimes de que, no início do Islão, quando eram perseguidos pelos inimigos, o único sinal de reconhecimento entre eles, quando em combate na senda de Deus, era a saudação islâmica. Agora, agraciados com o Islão, fortes e poderosos, devem acatar esta saudação vinda de quem quer que seja, como sinal de sua crença.
[1] Para a cidade de Deus e de seu mensageiro : Al- Madinah.
[1] Conta-se que, em tempos de Muhammad, certo árabe, de nome Bachir ou Abu Tacmah Ibn Ubairiq, havendo roubado uma armadura, ocultou-a na casa de um judeu. Quando o dono, dando por faha dela, a descobriu, imediatamente Bachir, jurando inocência, acusou o judeu de havê-la roubado. Então, a tribo Banü Zafar, a que Bachir pertencia, dirigiu-se até o Profeta, pedindo- lhe que intercedesse por ele. Por desconhecer a verdade dos fatos, o Profeta o aceitou e, quando estava prestes a defendê-lo, foi revelado este versiculo, revelando-lhe a verdade.
[1] Deles: dos hipócritas.
[1] Este versículo foi revelado, quando Bachir ou Abu Tacmah fugiu de Al Madínah, e se juntou aos idólatras, mostrando-se hostil ao Profeta e aos moslimes.
[1] Alusão aos hábitos supersticiosos dos árabes pré-islâmicos de cortarem a orelha da fêmea do camelo, logo após ela ter tido cinco ou dez crias, e de a oferecerem a seus ídolos. Além disso, a partir daí, o animal não devia mais ser usado para qualquer serviço que fosse. Com respeito às acepções da palavra rebanho. Vide VI n1.
[1] Referência aos judeus e cristãos.
[1] Cf. II 112 n3.
[1] No Livro: no Alcorão.
[2] Vide IV 4 n3.
[1] Ou seja, no estado em que, abandonada pelo marido, não é considerada casada com ele nem dele divorciada.
[1] O Livro: a Tora e o Evangelho.
[1] Referência aos oportunistas que não são crentes convictos. Crêem, apenas, quando lhes interessa.
[1] No Livro: no Alcorão, com alusão ao versículo 68 da VI sura.
[1] Diz respeito aos que não estão nem com os idólatras nem com os crentes.
[1] Ou seja. Monte Sinai. Cf. II 63 n5.
[1] Cf. II 61 n2.
[2] Cf II 88 n1.
[1] Essa infâmia constituiria reação dos judeus contra a propagação da nova crença. No momento em que Jesus Cristo passou a pregar e a convocar a todos, indistintamente, para a verdade cristã, os judeus entenderam isso como ameaça à posição assumida por eles e pelo Judaísmo, na época. Em defesa, passaram a difamar a mãe de Jesus, chamando-a de adúltera.
[1] O Islão prega que não foi Jesus crucificado, mas o foi, em seu lugar, um sósia.
[2] Alusão às divergências nascidas da dúvida dos cristãos quanto às circunstâncias da morte de Jesus Cristo, o que prova que o próprio Cristianismo não tem certeza absoluta a respeito.
[1] Ou seja, os judeus e os cristãos.
[2] Isso significa que tanto os judeus quanto os cristãos acabarão aceitando que Jesus, também, é profeta de Deus. Mas, quando tiverem consciência disso, já será tarde demais.
[3] Ele: Jesus.
[1] Vide Êxodo XXII 25.
[1] Cf. II 43 n3.
[1] O que torna evidente que o Mensageiro Muhammad não chegou com nova religião, mas, sim, recebeu seus ensinamentos da mesma fonte, de onde receberam todos os mensageiros anteriores a ele, em diferente épocas.
[1] Ou seja, os cristãos.
[1] Cf. IV 12 n2.
[2] Trata-se de irmã, ou meia - irmã por parte de pai. Cf. IV 12 n3.